Os desafios do Museu Nacional de Imigração e Colonização de Joinville


Símbolo da memória da colonização e imigração germânica na região, o Palácio dos Príncipes tem passado por maus momentos nos últimos anos, com interdições periódicas e redução do espaço de exposição em função de problemas na estrutura física e ameaça ao acervo, que contém cerca de 7 mil peças que marcam os primeiros cem anos de fundação de Joinville.

Agora, há uma esperança de revitalização da área, com o início de uma ação integrada entre a coordenação do local, a gerência de patrimônio da Fundação Cultural de Joinville e o próprio Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) para garantir o uso e, ao mesmo tempo, a preservação do espaço.

As necessidades são muitas: acomodar e dar condições de trabalho à equipe que cresceu e se qualificou nos últimos anos; rever a exposição, permitindo uma maior aproximação com a comunidade; e, principalmente, recuperar a parte física do complexo do museu (que inclui os galpões temáticos e a casa enxaimel), incluindo o casarão centenário que precisa de manutenção emergencial para que os danos existentes não se agravem e se tornem estruturais.

“Por falta de conservação ao longo dos anos, o prédio está começando a entrar em uma situação crítica. Hoje são problemas de conservação, mas se não forem realizadas obras eles vão gerar problemas estruturais no prédio”, alerta Raul Walter da Luz, coordenador da área de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Joinville.

Os pontos mais críticos são o alpendre na lateral superior direita do prédio, que apodreceu e hoje está escorado; a parte posterior do terceiro piso, interditada devido a goteiras; os guarda-corpos dos andares superiores; e o galpão de tecnologia, nos fundos do terreno, que também está fechado devido aos danos no telhado.



Um projeto amplo de reforma

Segundo Raul Walter da Luz, coordenador da área de Patrimônio Cultural da Fundação Cultural de Joinville, a meta é desenvolver um projeto integral, que atenda todas as necessidades do museu (de restauro, museologia, drenagem, acessibilidade, entre outros) e que, com isso, possa ser financiado pelo BNDES.

A iniciativa, entretanto, ainda está em estágio inicial e muita coisa ainda precisa ser definida – a começar por um levantamento documental, que é algo detalhado e minucioso, mas que vai embasar as ações no futuro. A partir daí é que se poderá ter uma visão clara de tudo o que precisa ser feito e de quanto será exatamente esse investimento, que deve ficar na casa dos 3 ou 4 milhões de Reais.

A decisão de fazer um projeto mais amplo é justificada pela dificuldade em viabilizar as obras necessárias de maneira pontual. Já foram abertas duas licitações para o serviço nos últimos anos, porém elas não foram adiante por falta de interessados. Uma das razões para isso seria o valor a ser pago, considerado pouco atraente aos profissionais de uma área que está aquecida no mercado.



Para tentar reverter isso e resolver os problemas emergenciais enquanto o projeto mais amplo não vem, já está sendo realizada uma revisão nesses valores. Com isso, a expectativa é que no segundo semestre deste ano uma nova licitação seja aberta. “Estamos atualizando o orçamento e será aberta uma nova licitação”, adianta o gerente de Patrimônio, informando que isto é um convênio com o Ministério do Turismo e inclui a obra no alpendre do Museu da Imigração, a cobertura do Museu Fritz Alt e o alpendre do Museu de Arte.

Estrutura para a equipe e proximidade com a comunidade

Enquanto as obras estruturais não são realizadas, a coordenadora do Museu Nacional de Imigração e Colonização, Dolores Carolina Tomaselli tem o desafio de proporcionar a estrutura necessária ao trabalho da equipe responsável pela documentação, pesquisa e conservação do acervo. E, ao mesmo tempo, garantir uma exposição informativa e atraente, que aproxime a comunidade joinvilense de sua história.

Ela conta que até 2010 o museu contava apenas com um técnico de nível superior e todo o trabalho de atendimento, conservação, planejamento e montagem da exposição e experiências de educação eram desenvolvidas por estagiários. Um quadro bem diferente do observado atualmente. “Houve um salto qualitativo com a chegada de seis monitores concursados que, vinculados à instituição, vão se qualificando e atuando nas diversas áreas do museu”, constata.

Hoje, esta equipe atua na indexação do acervo e um projeto desenvolvido pelo professor Walter Coan e patrocinado pelo Simdec está possibilitando a criação de um banco de dados eletrônico e a consulta online do acervo. A previsão é de que até o final de 2013 ele esteja concluído.

Porém, é preciso ter espaço físico adequado para estes trabalhos qualificados, que hoje são realizados no anexo do prédio principal – um local restrito. A solução passa pela busca de um novo espaço físico, que pode ser a construção de outro anexo ou a utilização do prédio do antigo Hotel Müller, em frente ao museu, que hoje pertence ao município, afirma Dolores. “Ainda há muito por fazer”, observa.

Outra necessidade é rever a exposição, tornando-a mais acessível e atraente à população. “Os museus e a museologia mudam, acompanhando as grandes linhas de mudanças da sociedade contemporânea”, explica a historiadora e museóloga, que defende uma comunicação maior com o público.

Hoje, o acervo é exposto em grandes dioramas que retratam o cotidiano, os usos e costumes das pessoas nos primeiros 100 anos de fundação de Joinville. Dele constam peças que estão presentes no imaginário da cidade, como o retrato dos príncipes, por exemplo, que passou um período fora de exposição e recentemente voltou para as paredes das salas térreas.

“A interface com a comunidade é um desafio. Existe o desejo de se visitar o museu, que tem o objetivo de contar a história da imigração a partir do fenômeno ocorrido em 1851, em Joinville. A preocupação é trabalhar a exposição permanente para que ela fique acessível e dentro desses novos modelos”, explica.

Fonte: Notícias do Dia



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